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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


Fausto 5.0 ("Fausto 5.0") - Àlex Ollé, Isidro Ortiz, Carlus Padrissa (2001) 







Um homem solitário e melancólico é abordado por um estranho que lhe promete realizar todos os seus desejos.

Versão visionária do mito de Fausto.


domingo, 14 de julho de 2013

Godog - "Tell me a story" (2011)




1. Following ashes 07:11
2. Dex 05:35
3. Disturbia 06:21
4. Eat 05:40
5. Tell me a story 04:52
6. Raven 06:56
7. A Vaca de fogo (original dos Madredeus) 04:32


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Um violino que corta a respiração. 7 faixas de cortar a respiração. O álbum corta a respiração. Faz renascer.










domingo, 30 de junho de 2013

Hors Satan ("Fora, Satanás") - Bruno Dumont (2011)






Deambulam. Contemplam. Percorrem as dunas e as ruas desertas da aldeia. Ele parece ter a cura. Ela parece querer a cura.



terça-feira, 25 de junho de 2013


Manjedoura

Na manjedoura está a ração para as cabeças de gado.




Miguelsalgado, "Escuro"

terça-feira, 18 de junho de 2013


Chagas

Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmidos com pêlos. Pretos. Mortos.



Miguelsalgado, Escuro

domingo, 16 de junho de 2013

Dilúvios


2.

Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.

Estava morto mas mexia-se.

O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.

Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.

Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.

E os homens e mulheres continuavam a dançar.

Riam-se da morte.

E havia água enlameada que não parava de subir.

Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.

Mas vi o homem que escava a atirá-lo para a cova e a tapá-lo.

E a água enlameada chegou ao cume das montanhas. E continuou a subir. E submergiu.

O lugar ficou inundado de cabeças a tentarem manter-se à superfície. Ficou inundado de braços aflitos no ar.

Homens e mulheres que dançavam ficaram em pequenos sítios flutuantes e foram-se empurrando uns aos outros.

Até que ficou apenas um exemplar de homem e mulher que dançava por cada sítio flutuante:

TODOS MORREM DEVAGAR.



E o homem que escavava morreu antes dos homens e mulheres que dançavam.






Miguelsalgado, Escuro

quinta-feira, 30 de maio de 2013

«The Mill and the Cross» («O Moinho e a cruz») - Lech Majewski (2011)






O moleiro no alto é como um deus no seu trono. Observa a vida cá de baixo.

E as pás do seu moinho movem-se melancolicamente, indiferentes à crueldade e aos prazeres da vida.

Brueghel, o velho, observa e cria o seu mundo.

A procissão para o calvário está ao virar da esquina.

A imagem é uma tela que ganha vida.

Um filme pode ser uma experiência única? Este é.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Edmundo de Bettencourt - "Poemas Surdos" (1981)






"Poemas Surdos" foi escrito entre 1934 e 1940.

Verdadeiro Vulto de singularidade. Rugido bizarro que ensurdece o convencional.



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Sepultura Aérea


Ali os répteis cobriam sem deixar espaço
as árvores, os caminhos e os montes.
Foi então que a ave inquieta e enjoada
abandonou a aldeia dos répteis para sempre.
Ei-la chegada a um ponto extremo.
Porém não tem onde pousar.
Em frente é a baía mágica dos vulcões em actividade.
Em cima o céu com a sua ausência.
Em baixo o mar com o seu fundo.
À passagem de todos os limites,
a escuridão sem nome e vida ignota.
Em todas as direcções mais que atraída
A ave negra fica no ar, parada, e ali jaz?







EDMUNDO DE BETTENCOURT, Poemas Surdos
 
 
 
 
 
(Editora: Assírio e Alvim)



segunda-feira, 29 de abril de 2013


Glória



Deixa adormecer. Pega no corpo. Mete o corpo numa banheira. Não deixes acordar. Faz furos até ao interior dos ossos. Espreme os ossos para que a medula saia. Não deixes acordar. Deita água a ferver para que a pele desapareça. Esmaga o corpo até ficar como uma folha de árvore. Não deixes acordar. Tira o corpo desse banho de sangue. Não deixes acordar. Pega no corpo. Enrosca o corpo. Mete o corpo num canhão a apontar para o céu. E dispara. Para que o corpo chegue até à abóbada celeste. Para que o corpo possa flutuar como uma folha caduca. E assim cair suavemente. No caixão rectangular que o espera na terra.




 Miguelsalgado, Escuro

sábado, 13 de abril de 2013


Alla Pavlova - Sinfonia No. 3


 
 
 
 



A compositora


Alla Pavlova é uma compositora e musicóloga nascida em 1952, Ucrânia. Fez a sua formação musical em Moscovo, na Academia de Música Gnessin, estudando composição com Armen Shakhbagian. Desde 1990 que reside em Nova Iorque. As suas obras têm sido apresentadas nos EUA, Europa, Canadá, Japão, Índia e Austrália. Escreveu também vários artigos em revistas.


 
Sinfonia No. 3

Obra de beleza monumental, é quase um crime que continue praticamente desconhecida. Os 4 movimentos têm da música mais inspirada e autêntica da história. Isto é facilmente uma obra para estar entre as grandes sinfonias do repertório musical.  Uma obra de rara perfeição. Uma das grandes criações da humanidade.







domingo, 10 de março de 2013


"A Palavra Interdita" (2011)

 
 

 

 

“Os homens não o podem ser se não forem livres” (Salvador Espriu)

 Livro composto por autores que experimentaram (fisicamente) o cárcere. Seleção de Egito Gonçalves. E também algumas das traduções.


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Faraj Birqdar: Poeta sírio condenado a 15 anos de prisão por participar num grupo político antiviolência.

 

E quando o desespero
vier bater à tua porta
levanta-te, escreve uma mensagem simples
na parede:
ESTE HOMEM ESTÁ DESEPERADO

 
A seguir diz isto ao teu senhor, o sultão:
A tua cela não é mais estreita que a sua sepultura,
nem mais duradoura que a sua vida.
Há-de chegar o dia em que a terra
também há-de acolher o seu cadáver,
primeiro os pés
com o esquecimento a acompanhar o funeral.



 
Tradução de Maria de Lourdes Guimarães

 
 



 
Miklós Radnóti: Nasceu na Hungria em 1909. Estudou na universidade de Szeged e visitou inúmeras vezes Paris. Passou os últimos anos da sua vida em campos de trabalho. Judeu e antifascista, foi levado pelos nazis para as minas sérvias de Bor. Depois de uma marcha forçada, foi abatido pelos guardas nos finais de 1944. Quando o seu corpo foi exumado, encontraram um bloco de notas com o resto dos poemas que ele tinha iniciado em 1930.

 
 
Bilhetes postais/ Razglednice
 

Eu caíra a seu lado, o seu corpo convulso
era como uma corda tensa, pronta a estalar.
Um tiro na nuca. “Terás igual destino”,
murmurei para comigo, “basta jazeres em paz”.
Floresce morta agora a paciência.
De cima soou: “Der Springt noch auf” (“Esse ainda se levanta”)
Secavam lama e sangue na minha orelha.

 

 

Tradução de Zoltán Rózca, versão de Teresa Balté

 




(Editora: Campo das Letras)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sinistro - “Sinistro” (2012)






01. Ruas Desertas 10:53
02. O Acidente e a Euforia 4:16
03. O Dia Depois do Meu Funeral 7:37
04. Viagem Atribulada 7:51
05. Hospede Inesperado 5:05
06. Fendas 2:10
07. A Saudade 4:30
08. A Ira 10:41


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fecha os olhos
e se a luz é tanta
que te verga sobre ti próprio
mastiga a lâmpada




JOSÉ RICARDO NUNES, Na linha divisória









A partir deste momento este espaço passa a ter um novo propósito, para além daquele que já tinha, ou seja, isto agora serve para:

- Dar a conhecer\divulgar, dentro das minhas limitações, obras artísticas (e criadores) que aprecio e que me parecem injustamente ignoradas\esquecidas, ou, pelo menos, que não tem a atenção que acho que mereciam. Essencialmente na área literária, musical e cinematográfica.

- Continuar a dar a conhecer a obra literária de Miguelsalgado

Passa também a ter um novo nome: ectoplasma