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domingo, 30 de junho de 2013

Hors Satan ("Fora, Satanás") - Bruno Dumont (2011)






Deambulam. Contemplam. Percorrem as dunas e as ruas desertas da aldeia. Ele parece ter a cura. Ela parece querer a cura.



terça-feira, 25 de junho de 2013


Manjedoura

Na manjedoura está a ração para as cabeças de gado.




Miguelsalgado, "Escuro"

terça-feira, 18 de junho de 2013


Chagas

Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmidos com pêlos. Pretos. Mortos.



Miguelsalgado, Escuro

domingo, 16 de junho de 2013

Dilúvios


2.

Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.

Estava morto mas mexia-se.

O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.

Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.

Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.

E os homens e mulheres continuavam a dançar.

Riam-se da morte.

E havia água enlameada que não parava de subir.

Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.

Mas vi o homem que escava a atirá-lo para a cova e a tapá-lo.

E a água enlameada chegou ao cume das montanhas. E continuou a subir. E submergiu.

O lugar ficou inundado de cabeças a tentarem manter-se à superfície. Ficou inundado de braços aflitos no ar.

Homens e mulheres que dançavam ficaram em pequenos sítios flutuantes e foram-se empurrando uns aos outros.

Até que ficou apenas um exemplar de homem e mulher que dançava por cada sítio flutuante:

TODOS MORREM DEVAGAR.



E o homem que escavava morreu antes dos homens e mulheres que dançavam.






Miguelsalgado, Escuro