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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

"Summer" - Kenneth Glenaan (2008)






Um ramo de glicínias
pesa demasiado
na mão enferma



TAKAKO ( do livro «O Crisântemo Branco» - Antologia de Haiku. Seleção de Adelino Ínsua)








quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Runemagick - "On Funeral Wings" (2004)





1- Monolithic Death – 4:19
2- Rise of the Second Moon – 3:30
3- On Funeral Wings – 4:36
4- Dragon of Doom – 9:31
5- Hyperion – 0:49
6- Ocean Demon – 6:52
7- Emperor of the Underworld – 5:35
8- Trifid Nebula – 2:00
9- The Doomsday Scythe – 8:19
10- Riders of Endtime – 5:38
11- In a Darkened Tomb – 8:22
12- Black Star Abyss – 8:31
13- Wizard with the Magick Runes – 5:47


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[…] Mansão das Trevas,
A morada de Irkalla,
A casa de onde ninguém volta depois de lá ter entrado,
Na estrada de onde não há regresso,
A casa onde os moradores estão privados de luz,
Onde o pó é o preço da passagem, e a argila a sua alimentação
Todos estão vestidos como se fossem aves,
Com asas por único vestuário.
E não vêem a luz, residindo nas trevas.



Excerto da Epopeia de Gilgamesh










   

sábado, 8 de novembro de 2014

Persephone - "Our Dream" e "Lullaby"


"Our Dream" e "Lullaby": duas composições da banda austro-alemã Persephone. Pertencem ao álbum «Atma Gyan» (2004).







A banda

Os Persephone surgem no ano 2000 através da colaboração de Sonja Kraushofer e do produtor Tobias Hahn, igualmente produtor da banda L'âme Immortelle, o anterior projeto da vocalista Sonja Kraushofer. Vários músicos juntam-se posteriormente aos Persephone, com especial destaque para o violoncelo. Lançaram 4 álbuns, o último dos quais em 2007.



"Our Dream" e "Lullaby"


"Acordo na desolação da casa desabitada.
Choveu. Choveu todo o dia sobre a cidade.
Digo:
– Esta chuva limpa a morte dos dias.
Tudo o que nos rodeou – e me rodeia – foi-se tornando negro. Apenas uma constelação de ínfimos pontos luminosos nos dirá que, uma vez, estivemos aqui.
No branco rugoso das paredes desenho um aro, assinalo a nossa passagem.
E no brilho da pele pouso a ponta dos dedos – despeço-me de um rosto pelo qual arrisquei a vida e, por vezes, a razão."

 

AL BERTO, O anjo mudo







 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"Yella" - Christian Petzold (2007)






A margem de cá é a dor. A margem de lá a morte. Yella é uma mulher que se move nessas margens.





quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Pantheist - "Don`t Mourn" e "O Solitude"


"Don`t Mourn" e "O Solitude" são duas composições da banda britânica Pantheist. Fazem parte do álbum "O Solitude", de 2003.








Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que ignoro e me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem em pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?


BLAISE PASCAL, Pensamentos





quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Atrox - "Terrestrials" (2002)




  1. Lay (3:20) 
  2. Ruin (7:18)
  3. Mare's Nest (6:05) 
  4. Nine Wishes (6:02)
  5. Human Inventions (5:37) 
  6. Mental Nomads (7:25)
  7. Changeling (8:39)
  8. The Beldam Of The Bedlam (8:40)
  9. Translunaria (7:47)
  10. Look Further(8:45)

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A banda


Os Atrox são uma banda de origem norueguesa. Lançaram o primeiro álbum em 1997 e o último em 2008, num total de 5 álbuns gravados. Durante esse período atravessaram diferentes formações, com vários músicos a entrar e a sair, sendo, a meu ver, a perda mais notada a da carismática Monika Edvardsen, que abandonou a banda após o álbum de 2003 "Orgasm".



"Terrestrials"


"Enterram os seus mortos com a cabeça para baixo, pois acreditam que um dia, passadas onze mil luas, todos ressuscitarão e, como, até lá, o mundo, que supõem achatado, terá dado uma volta, estarão assim em pé e preparados para o acontecimento. Os mais cultos confessam o absurdo de tal doutrina, mas a prática mantém-se, em condescendência pelo povo."


JONATHAN SWIFT, As Viagens de Gulliver (tradução de Maria Francisca de Lima)









segunda-feira, 25 de agosto de 2014

António Ferra – “A Palavra Passe” (2006)



 
 
 
 
Esta Palavra Passe abre olhos.
 
 
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Iraque e os cafés da tarde
 
 

O ruído dos cafés é um clássico da literatura de cidade,
sem evocações da natureza, do verde das frondosas árvores,
dos campos ao pôr-do-sol, do murmurar da água do ribeiro,
sem uma ave assinalando a mudança dos ventos.

Aqui, apenas se ouve cair a água no copo
«com ou sem gás?»,
talvez água das pedras ainda a lembrar
a natureza da alma empedrada neste café
onde eu agora estou, sorvendo instantes
na luz coada pelo ruído das vozes e das colheres
tilintando a tarde sobre o fotojornalismo,
preenchendo páginas volantes.

Também se bebe o espaço coberto da espuma da luz,
o espaço da sonoridade onde se tomem as paragens do tempo,
coffe break, dizem, enquanto as bombas rebentam no Iraque,
mas também os olhares, o enigma dos outros, mais
as secretas tranquilidades, as melancolias,
as raivas projectadas naqueles ali, nas mesas em redor,
e nenhuma granada deflagra a perturbar a sonolência dos jornais.

Num café como este, se chover lá fora ainda melhor,
distingue-se a zona de mesas de mármore à vista
das mesas com toalha à hora do lanche,
sem que neste deserto imenso passe um tanque
à espera da luta ou à espera de alguém que desista.

Sobraram ainda algumas mesas negras
nesta Lisboa de pastelaria,
onde, pelas cinco ou seis horas, surgem os garotos,
as meias de leite e as torradas,
um cheiro a manteiga quente derretida
pela tarde a meio, enquanto alguém corria
pelas ruas de Bagdade, três horas avançadas
sobre o tempo do meridiano de Greenwich,
Lisboa incluída, menos uma hora nas Lages dos Açores
nesta altura do ano, menos três horas em Nova Iorque
onde coffe se derrama sobre restos de flores.

E lá longe, uma mulher morre distraída
sem água e sem luz que lhe explique o mundo,
sem um galão morno, como este, a lembrar
um soldado americano de binóculos incolores
que não nos vê, nem sequer adivinha no radar
a chávena minúscula com sinais de açúcar
esquecido em fundo negro.



ANTÓNIO FERRA, A Palavra Passe
 
 



(Editora: Campo das Letras) 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

White Skull - "Gods of the Sea" e "The Terrible Slaughter"


"Gods of the sea" e "The Terrible Slaughter": duas composições da banda italiana White Skull. Pertencem ao álbum "Tales from the North" (1999). "Gods of the Sea" conta com a participação do vocalista Chris Boltendahl.








"A noite, no exterior, gemia e soluçava com um acompanhamento de um tremor contínuo e barulhento, como se estivessem a bater, num ponto distante, em inumeráveis tambores. Gritos agudos cortavam o ar, safanões tremendos e surdos faziam tremer o barco enquanto ele balançava sob o peso das ondas que o varriam de lado a lado. Por vezes, erguia-se rapidamente como se fosse deixar este mundo para sempre; depois, durante momentos intermináveis, caía um vazio, com todos os corações da tripulação parados, até que um choque horrendo, esperado e súbito, punha os corações a bater novamente com um enorme baque."

 
JOSEPH CONRAD, O Negro do Narciso (Tradução de Luzia Maria Martins)






 

sábado, 5 de julho de 2014

"El Cielo Gira" ("O Céu Gira") - Mercedez Álvarez (2004)



 
 
 
 
O retrato de uma última respiração. Filmado e narrado com admirável sensibilidade.
 

sábado, 21 de junho de 2014


White Willow - "Sally Left", "Chemical Sunset" e "The Lingering" 



"Sally Left", "Chemical Sunset" e "The Lingering" são três composições da banda norueguesa White Willow. As duas primeiras pertencem ao álbum «Storm Season» (2004) e a terceira ao álbum «Signal To Noise» (2006)



 
 

 
 
a cor dilui-se
e acusamos a velocidade pelas
lágrimas
que o nosso encontro faz explodir
 
 


TIAGO ARAÚJO, do poema "estrada.16", livro Diaspositivos
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Christian Sinding - "Légende" Op. 46






O compositor

Christian Sinding (1856-1941) é um compositor nascido na Noruega. Estudou violino em Christiania (atual Oslo) e, mais tarde, composição em Leipzig, Alemanha. Compôs peças orquestrais, para piano solo, música de câmara, canções, etc.. A sua obra é atualmente muito pouco executada.




"Légende" Op. 46

"Légende" Op. 46 (para violino e orquestra) foi escrita em 1900.

Obra de uma beleza e de um poder dramático intemporais. Invulgarmente intensa e comovente.










quinta-feira, 15 de maio de 2014

Innocence ("Inocência") - Paul Cox (2000)
 
 




É para Viver até ao fim. É com amor e morte.



 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Evoken - "Antithesis of Light" (2005)





1. "Intro"   0:50
2. "In Solitary Ruin"   10:44
3. "Accursed Premonition"   12:33
4. "The Mournful Refusal"   13:30
5. "Pavor Nocturnus"   10:47
6. "Antithesis of Light"   12:17
7. "The Last of Vitality"   11:00


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"Marlow deixou de falar e foi sentar-se afastado, ausente e silencioso, na posição de um buda que medita. Durante algum tempo ficámos imóveis. «Já perdemos o começo da vazante», disse o director da Companhia de repente. Levantei a cabeça. O horizonte tinha  um banco de nuvens negras atravessado, e o calmo caminho das águas, que leva aos confins da terra, corria escuro sob um céu sombrio -- dir-se-ia que a levar-nos ao coração de infinitas trevas."



JOSEPH CONRAD, O Coração das Trevas (tradução de Aníbal Fernandes)









  

quarta-feira, 12 de março de 2014

Process of Guilt- "Motionless", "Becoming light" e " Window"
 
 
Os 3 títulos acima são composições da banda portuguesa Process of Guilt. Pertencem ao álbum «Renounce» (2006)
 







Sempre que me olho ao espelho, vejo que a morte está a chegar.



JEAN COCTEAU









 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Alexandre Nave - "Vão Cães Acesos pela Noite" (2006)








Carne no canhão. Sangue a escorrer do alvo.


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[CÂNTICO DA PÁTRIA]



Vamos em marcha explícitos na matrícula
a pátria nua do buraco onde cavamos,

estéreis sobre o pó dos caminhos,

guardamos os pulmões de amores
escondemos a marca pelo corpo,

deitamos o corpo sobre a cólera,
os queixais abertos da caçada

tatuados de algarismos descansamos
o nome inscrito na memória,

furamos as vísceras infectadas de febre
deitamos sangue negro pelo cu

inchados de raparigas prenhas
aliviamos a carne da matança

ungidos de quem foi à sorte,
guardamos a fronteira da pátria

deitamo-nos de orelhas ao vento
limpamos os intestinos na erva

entre arvoredo e gado,

enterramos carne, sangue e merda.





ALEXANDRE NAVE, Vão Cães Acesos pela Noite




(Editora: Quasi Edições)