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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Alexandre Nave - "Vão Cães Acesos pela Noite" (2006)








Carne no canhão. Sangue a escorrer do alvo.


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[CÂNTICO DA PÁTRIA]



Vamos em marcha explícitos na matrícula
a pátria nua do buraco onde cavamos,

estéreis sobre o pó dos caminhos,

guardamos os pulmões de amores
escondemos a marca pelo corpo,

deitamos o corpo sobre a cólera,
os queixais abertos da caçada

tatuados de algarismos descansamos
o nome inscrito na memória,

furamos as vísceras infectadas de febre
deitamos sangue negro pelo cu

inchados de raparigas prenhas
aliviamos a carne da matança

ungidos de quem foi à sorte,
guardamos a fronteira da pátria

deitamo-nos de orelhas ao vento
limpamos os intestinos na erva

entre arvoredo e gado,

enterramos carne, sangue e merda.





ALEXANDRE NAVE, Vão Cães Acesos pela Noite




(Editora: Quasi Edições)